29.2.08

Mudemos todos

Ontem sonhei que o Albert Einstein passeava no parque do Bom Menino com sua cadelinha de estimação Luz – uma Saluki, presente do irmão Jacob. O cientista vestia calção azul, estava sem camisa, calçava sandálias havaianas e usava uma bolsa de couro a tiracolo. No cabelo, tranças.

Depois de um longo passeio, Einstein sentou-se para tomar cerveja num carrinho de cachorro-quente instalado debaixo de uma amendoeira. Fazia muito calor... Sentei-me ao lado. Ele me ofereceu um gole. Enquanto bebíamos, falávamos sobre seus ideais pacifistas. Nenhuma palavra sobre física quântica.

Atento a conversa, o dono da barraquinha deu sua opinião: “A humanidade só alcançará a paz quando for instalada a tolerância plena no mundo, quando cada indivíduo aprender a respeitar o direito do outro ser diferente”. Neste momento foi chamado de insano por uma senhora gordalhona que comia um cachorro-quente e tomava suco de cupuaçu, ao que Einstein interveio: “Minha senhora, não há nada que seja maior evidência de insanidade do que fazer a mesma coisa dia após dia e esperar resultados diferentes”.

Acordei e lembrei-me do Edson Marques, que grita todos os dias no meu ouvido. “Marco, só o que está morto não muda!”. Mudemos todos, então.



27.2.08

te ver e não te querer
é improvável, é impossível...
...é como não provar o nectar
de um lindo amor
depois que o coração detecta
a mais fina flor



(samuel rosa, lelo zanetti e chico Amaral)

26.2.08

O amor
é o adubo de uma flor
chamada homem
que Deus
planta num jardim
chamado Terra
.
.

25.2.08

nossos momentos
deixam pensos
meus pensamentos

24.2.08

ontem, dormir

ontem, dormi à noite inteira
ao lado de uma sirena
ontem, não tive insônia
hoje, não tem poema

23.2.08


somente envolto
nos teus braços
percebo a
ambigüidade
do amor.

num instante,

sossego, colo,
consolo, afago...

noutro, tempestade
de desejo em
mar fogacho,
onde me perco,
onde me acho!




22.2.08

parem
eu confesso
sou poeta

cada manhã que nasce
me nasce
uma rosa na face

parem
eu confesso
sou poeta

só meu amor é meu deus
eu sou o seu profeta



(paulo leminski)

21.2.08

Na física, dois corpos, contanto que sejam diferentes, quando atritados sempre se eletrizam, e se atraem. No amor é parecido. A diferença é que isso ocorre também com corpos iguais.




20.2.08

nem poesia
ou galanteio,
nem galhardia
ou benfazejo
a maneira
que mais gosto
de chegar ao coração
é pelo beijo


19.2.08

Livre, leve e louco

Nasci livre, cresci livre e, antes de morrer livre, viverei loucamente livre.
Nem das minhas certezas e opiniões sou prisioneiro.
Mudo-as constantemente.





18.2.08


a vida é curva
o tempo urge
e só no auge
as rugas rugem


17.2.08


basta desta
dura realidade
que só oprime

quero viver
a mágica verdade
de houdini



16.2.08

No final, tudo dá certo

As pessoas acostumam-se com algumas conquistas — que, na maioria das vezes, nem são lá grandes coisas — e, quando as perdem, acham que o mundo desabou. Muita calma nessa hora. No final, tudo dá certo.

É assim, por exemplo, no trabalho. O imbecil do seu chefe, que nunca te deu chance de mostrar suas qualidades, resolve cortar gastos e começa pelo seu emprego, como se o seu salário mixuruca fosse mudar alguma coisa na saúde financeira da empresa. Você fica arrasada. E a prestação do celular? E o perfume do Boticário que comprou de três vezes da colega de trabalho? E o aluguel?

Aí parte para a ponte do São Francisco. Afinal, neste mundo cruel não vale a pena viver. Eis que aparece aquele "c.d.f." da terceira série. Aquele feioso que sempre foi apaixonado por você e você nunca deu bola. Pois não é que ele se tornou um homem interessante? Agora é advogado e trabalha num grande escritório que precisa urgentemente dos seus serviços. Ah, paga cinco vezes mais do que aquele outro emprego que, graças a Deus, você foi demitida. Não existe plantão nos feriados e todos os sábados e domingo você está livre. Com um pouco de sorte, você ainda pode arranjar um bom partido...

É assim também no amor. Aquela mulher que você jurava que ia ser a mãe dos seus filhos se manda. Aí bate o desespero. Como viver sem ela? Quem vai te fazer queimar, derreter nas noites frias? Ponte do São Francisco!

A caminho, toca o telefone. É aquela sua amiga que odiava sua namorada te convidando pra um jantar. Aí você pensa: se é pra morrer, que seja de estômago cheio.

Depois de um fettuccine al pesto imbatível, que, após algumas taças de vinho você não consegue parar de elogiar, sua amiga te apresenta a responsável pelo manjar. Meu Deus!!! Duas semanas depois e ela (a do fettuccine) te mostra que sua ex — aquela ciumenta que não entendia seus poemas, não sabia nada de literatura e tinha um gosto cinematográfico duvidoso — te fez um favor. Então, você ouve "Obrigado (Por ter se mandado)", do Cazuza, a todo volume, no carro em direção à felicidade.

É sempre assim. A vida tende a dar certo.
A Lei de Murphy só vale para os pessimistas. Um sábio disse uma vez que antes de pensar em Murphy, devemos pensar num Ex-Murphy, mais tarde conhecido como Smurf. Filósofo de pouca estatura, azul, barbudo e progenitor de centenas de pequenas criaturas azuis. Perseguido por Gargamel, dizia que se algo pode dar certo, dará.




(escrito em novembro de 2006 para o site Quer Dizer)


15.2.08

poeminha inocente

eu e minha branquela
ela, flor no cabelo
eu, flor na lapela




14.2.08

Sobre meninos e lobos

Para o George W. Bush, ao que parece, Hugo Chavez quando menino, em noites de insônia, no lugar de carneiros, contava lobos. E vice-versa. Eu conto sereias, medusas, centauros e grifos. E você?




13.2.08

a um anônimo

nossos segredos
serão apenas nossos.
só nossos!
nunca serão revelados.
nem quando formos
só ossos


12.2.08


Gostar de alguém pelas suas qualidades é fácil.
Difícil é gostar de alguém pelos seus defeitos...



...Eu te amo!




11.2.08

nem par, nem impar
nem cara, nem coroa
no jogo do amor
sou o azar em pessoa


10.2.08

Parábola do amor inabalável

Era uma vez um homem que amava muito uma mulher. Mas este amor não era aceito pela família dele. Nem pelos amigos. Os contrários reprovavam o comportamento da bela dona.

Ele sofria, mas nunca desistiu do seu amor. Fazia milagres para impressionar a amada. A defendia de tudo e de todos. Certa vez, impediu, com muita bravura, que a apedrejassem, desafiando uma multidão enfurecida que queria castigá-la. Parece que disse assim: "Quem de vós estiver sem pecado, seja o primeiro a lhe atirar uma pedra". Ah, o amor, este criador de heróis...

O final da história é desconhecido. Oficialmente o amor dos dois não vingou. Nos bastidores comenta-se que eles fugiram para o sul da França. Gostaram muito do lugar. Acharam um céu, um paraíso. Lá, casaram-se, procriaram — como havia lhes ensinado o pai — e viveram felizes para sempre.

Mas este homem também tinha outros amores. Um deles era sua ideologia. Queria um mundo justo, um mundo de paz. Pregava o respeito mútuo. Era defensor fervoroso da igualdade. E havia decidido lutar por sua crença, sempre. Nem que isso lhe custasse a vida. Neste propósito tinha o apoio da família e dos amigos. Apesar de ter um que o andou negando, ao que parece, três vezes.

É sabido que ele não obteve êxito neste segundo intento, ainda. Mas eu e muita gente rezamos para que ele consiga.

Em verdade é que tudo na história deste homem gira em torno do amor. Ele dizia que seria eternamente vítima deste sentimento, do amor infinito, inabalável. Ele vivia por amor e padecia por seus amores.

O pregador do amor morreu — para alguns, frise-se —, mas deixou muitas lições sagradas. Para mim ficou a de que
sofrer por amor é uma dádiva que Deus concede apenas aos bons.

9.2.08

meu amor

meu amor consiste
em lembrar constante
em desejo ardente
e saudade cortante
coração que grita
em um peito arfante
ela amada, eu amante
e um poema avultante


8.2.08

Eu te amo tudo!



Este rabisco do Pato Donald fiz para meu filho João, de quase 4 anos. Usei apenas caneta esferográfica Bic e lápis de cera nas cores verde e vermelho na costa de um convite de formatura. Quando lhe entreguei o desenho ontem, ele sorriu e disse: “Papai, é muito lindo!”.

João é assim. Consegue ver beleza em tudo. Até num rabisco. E tudo o que faz é belo. Até os rabiscos.

Certo dia perguntei se ele me amava. Obviamente, respondeu que sim. Eu quis saber o quanto. Correndo pela sala, sem perceber o brilho dos meus olhos admirados e preocupados que o acompanhavam a cada passo, a cada salto, respondeu num grito:
“Tudo!”.

João mora com a mãe. Sempre que posso, vou vê-lo. Ontem, pude. Fomos ao parque de diversão, brincamos juntos, tomamos sorvete de baunilha, comemos sanduíche de queijo, batata frita, tomamos suco de uva e conversamos muito. Acho que hoje vou vê-lo de novo. Aprendo muito com ele.


7.2.08



Quanto tempo leva um homem
para esquecer seu 46º amor eterno?
Ao que parece, eu levarei duas eternidades...
...ou três.



6.2.08

o melhor do carnaval,
colombina, é poder
reencontrar-te nesta

quarta-feira de cinzas
que o teu sorriso
pinta de
azul-felicidade

1.2.08

Vou ali brincar carnaval.
Este ano, na frente do trio elétrico.
Fiquem com o Edson Marques.

“Amar é reconhecer
afetuosamente o direito
que o outro tem de fazer
suas escolhas.
Mesmo que essas escolhas
eventualmente me excluam.”