não adianta imprecaria
meus filhos serão belos
cultos, saudáveis, singelos
criados com fidalguia
minha mulher será maria
uma flor, uma formosura
será amada sem mensura
fará amor com maestria
viveremos num castelo
sem fosso, sem calabouço
em um reino de esperança
e tu que me praguejas
verás: meu êxito, amouco,
não te sairás da lembraça
26.3.09
não adianta
17.3.09
prece
um poeta
sem inspiração
pede a deus
em oração
uma tempestade
de devaneios
ou chuva de dores
no coração
9.3.09
Por muito tempo achei que
a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada,
aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações
alegres, porque a ausência,
essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.
(Ausência, Carlos Drummond de Andrade)
6.3.09
4.3.09
“E no meio dessa confusão alguém partiu sem se despedir; foi triste. Se houvesse uma despedida talvez fosse mais triste, talvez tenha sido melhor assim, uma separação como às vezes acontece em um baile de carnaval — uma pessoa se perda da outra, procura-a por um instante e depois adere a qualquer cordão. É melhor para os amantes pensar que a última vez que se encontraram se amaram muito — depois apenas aconteceu que não se encontraram mais. Eles não se despediram, a vida é que os despediu, cada um para seu lado — sem glória nem humilhação (...)”
(Trecho da crônica Despedida, de Rubem Braga)
3.3.09
a uma flor
na minha roupa
na minha cama
no meu travesseiro
na minha pele
na minha boca
no meu cabelo
no meu quarto
na minha sala
no meu canteiro
em todo lugar
misturado ao meu
está o teu cheiro