30.4.08





Acreditar, não faz de ninguém um tolo. 
Tolo é quem mente...

(Anônimo)




29.4.08


Como a Vladimir Maiakovski, Deus constituiu minha anatomia diferente da que todo mundo conhece. Não tenho um coraçãozinho localizado espremidinho entre os pulmões. Sou todo coração. Por isso, nos últimos oito ou nove dias, apaixonei-me dez ou onze vezes por doze ou treze mulheres maravilhosas.

28.4.08

 
 
tentar
esquecê-la
é em vão!
como tirar
da cabeça
o que não sai
do coração?
 

 

25.4.08


c o n v o c a ç ã o

convoco meus ex-amores
do penúltimo, dos bastidores
ao primeiro, o da escola,
os das vidas passadas
e os vindouros afora
para tirar deste meu peito
o amor que sinto agora


24.4.08


prenúncio
pessoal dum
caso (o resto)

eu, carrança
tuas ancas
elegância

nós... lembrança
vossas tranças
e lesa esperança


(em breve: pronuntiatio impessoal do acaso ambíguo)


23.4.08

 
 
penso, penso, penso...
tento, tento,
tento dormir
penso, penso, penso...
tanto que o tento
chega a fundir
penso, penso, penso....
será que ainda
pensas em mim?
 
 

 

22.4.08

 
 
hoje, entendo
amores
do tamanho dos meus
não cabem
em corações...
...pequenos
 
 

 

17.4.08


quando maduro
perdi o medo
do escuro


16.4.08


se
for
miga
se
não
for
diga


15.4.08


caiu em
si:
numa vacilada
viu: o ciúmes
é uma cilada



14.4.08

 
 
hoje oposta
outrora adjacente
vez por outra,
hipotenusa...
 
Deus fez-me
um poeta
você, Ele
fez musa
 
 

 

12.4.08

a página
da nossa história
no meu coração
foi arrancada.
era um borrão



11.4.08

A incomodada

Sexta-feira, 3h, Bar do Porto, Praia Grande, São Luís (MA). Conheci uma mulher inteligente, bonita e maluca. Na mesa ao lado, recitava trechos da obra de Fiódor Dostoiévski — em russo. Quando viu que eu lhe dava atenção, juntou sua cadeira a minha, perguntou meu nome e me contou a seguinte história:

“Marco, quando eu tinha sete anos, mal havia conquistado o primeiro namorado, meu pai dizia aos amigos que eu estudaria Medicina e seria uma médica respeitada, ou que estudaria Direito e ingressaria na magistratura, talvez fosse um juíza ou um promotora de justiça. Apesar das duas opções, o motivo era um só: meu pai queria que eu tivesse uma vida cômoda.

Não fiz uma coisa, nem outra. Estudei Filosofia e Literatura e o incomodei. Mal sabia meu pai que eu buscava na vida apenas vivê-la plenamente, livremente, deliciosamente. Jamais busquei comodidade.
A comodidade me incomoda!

Já mulher feita (no sentido escultural da palavra, compreendi), cada vez que encontro meu irmão acomodado com aquele empreguinho público estável, aquela casinha financiada pela Caixa Econômica Federal em infinitas prestações, dirigindo um carrinho popular comprado em 80 parcelas a juros de 0,98% a.m., enchendo-se de feijoada e cerveja todos os finais de semana na casa da sogra e agradecendo a Deus por aquela vidinha medíocre, sinto que tinha razão. E sinto pena dele.

Outro dia fui visitá-lo. Ele veio-me com conselhos estranhos sobre estabilidade e compromissos. E apontou dois vizinhos como exemplos — na sua estranha maneira de ver o mundo — de pessoas felizes. E os infelizes acharam-se no direito de também dar-me conselhos.

Expliquei-lhes que a vida é única, portanto, deve ser bela, não pode ser desperdiçada sob nenhum pretexto. Nem resumida a uma rotina tediosa. Disse-lhes que o único compromisso que todos deveriam ter na vida era consigo mesmo, com a própria felicidade... Mas eles não compreendem. As regras infames estabelecida por esta sociedade covarde e hipócrita parecem que cegou a todos. Num rompante de impaciência, gritei:
‘Os acomodados que se retirem!’...

Marco, a vida não é benevolente com os acomodados.
O tamanho dos sonhos não importa. O tamanho do esforço que você faz para realizá-los é o que conta. Quando Alexandre, o Grande, conquistou a Macedônia, quis o mundo; quando Pedro Álvares Cabral chegou a Porto Seguro, seguiu em busca de outras índias...


A comodidade é uma mulher rica e feia que eu jamais vou cortejar.

Beijou-me no rosto, levantou-se e saiu. Gostaria de encontrá-la de novo...




10.4.08

Quando Deus proibiu Adão de comer maçãs, Ele referiu-se apenas as estragadas. É tudo uma questão de hermenêutica.



9.4.08

distância

se não houvesse
a distância
nossas línguas
entrelaçar-se-iam?

nossos corpos
amar-se-iam
se não houvesse
a distância?

se não houvesse
a distância
tu tirar-me-ia
desta ânsia?



8.4.08


Existem amores virtuais?
Quem diz que ama
virtual,mente?


7.4.08

 

Como me descobri por inteiro e não procuro mais minha outra metade. Como acredito que Deus, o onipotente, escolheu ser único, portanto, apenas os mortais tolos temem a solidão. Como já comprovei que a solidão é capaz de me lançar num mar de deliciosas aventuras e excitantes incertezas, fazendo com que eu me sinta verdadeiramente vivo...

 

Há noites em que a lua, as estrelas e eu nos bastamos.

 

 

6.4.08

é impossível cessar o desejo
você foi feita para amar
nem mil cantos de mil sereias
encantam mais que o teu cantar

4.4.08

amor canalha

saudade segue a fio
cortando o peito vazio
com a destreza do fio
de uma navalha

ao coração anuncio:
aventure-se num rio
de desejos no cio
ou coisa que valha

este sentimento vil
que o tornou servil
lenha à beira da fornalha

roubou dele o brio
somente ele não viu
é um amor canalha




3.4.08


planta amor a esperança
peito árido
brota apenas lembrança

1.4.08

haicais livres

 
 
tua vulva
tem sabor
doce uva
 

 
 
quem ri quando goza
é poesia
até quando é prosa

(alice ruiz)

 
 
 
te falo
te cala
meu falo

 
 
 
sexo animal
tornou fauna
flora intestinal