10.5.10

Transit


Tu és dona de mim, tu me pertences,
e neste delicioso cativeiro,
não queres crer que, ingrato e bandoleiro,
possa eu noutra pensar, ou noutro penses.

Doce cuidado meu, não te convences
de que tudo na terra é passageiro,
frívolo, fútil, rápido, ligeiro,
e a pertinácia do erro teu não vences!

Num belo dia - hás de tu ver - desaba
esta velha afeição, funda e comprida,
que tanta gente nos inveja e gaba…

Choras? Para que lágrimas, querida?
naturalmente o amor também se acaba,
como tudo se acaba nesta vida.

(Arthur Azevedo)


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