21.5.09

 

 

Eu sou apenas uma criança que compreende.

Sei o diâmetro da bola, circunferência, peso, distância da marca do penalti até a meta e a força que deve ser empregada no chute para que ela percorra numa velocidade indefensável.

Eu sei.

Mas prazer de verdade sinto é quando encaixo a bola no peito, ajeito para chutá-la no gol e comemoro o feito com uma cambalhota.

Por isso sempre rezo como Adélia Prado: “Meu Deus, me dá cinco anos, me dá a mão, me cura de ser grande”.

 

 

2 comentários:

Impulsiva disse...

Sua postagem de hoje me faz ter ainda mais convicção que sua alma é enlouquecedoramente complexa e gostosa de se ler. MAO-um homem que fala de amor com propriedade, experiência e divaga sobre suas aventuras e seu infinito desejo de se AVENTURAR AINDA MAIS com um ar até meio ínfimo às vezes, mas com a mesma intensidade nos faz viajar nos seus MEIGOS E DOCES ensaios de um homem menino...não sei se era bem isso que eu queria dizer! kkkkkkkkkkkkkkkkkk

Liliane disse...

Ei, amore!
Adorei sua cambalhota infantil! Rubem Alves com certeza tb adoraria. Comprei outro livro dele e devorei na viagem. Uma das crônicas chama-se "O olhar adulto", onde ele compara o olhar da criança ao da mãe. Veja que lindo: "O caminho por que anda a mãe não é o mesmo caminho por que anda a criança. Os olhos da criança vão como borboletas, pulando de coisa em coisa, para cima, para baixo, para os lados, é uma casa de cigarra num tronco de árvore, quer parar para pegar, a mãe lhe dá um puxão, a criança continua, logo adiante vê o curiosíssimo espetáculo de dois cachorros num estranho brinquedo, um cavalgando o outro, quer que a mãe também veja, com certeza ela vai achar divertido, mas ela, ao invés de rir, fica brava e dá um puxão mais forte, aí a criança vê uma mosca azul flutuando inexplicavelmente no ar, que coisa mais estranha, que cor mais bonita. Tenta pegar a mosca, mas ela foge. Seus olhos batem então numa amêndoa no chão e a criança vira jogador de futebol, vai chutando amêndoa, depois é vagem seca de flamboyant pedindo para ser chacoalhada, assim vai a criança, à procura dos que moram em todos os caminhos. Que divertido é andar! Pena que a mãe não saiba andar por não ter os olhos que saibam brincar..."
Bj