9.3.09




Por muito tempo achei que 

a ausência é falta.

E lastimava, ignorante, a falta.

Hoje não a lastimo.

Não há falta na ausência.

A ausência é um estar em mim.

E sinto-a, branca, tão pegada, 

aconchegada nos meus braços,

que rio e danço e invento exclamações 

alegres, porque a ausência, 

essa ausência assimilada,

ninguém a rouba mais de mim.

 


(Ausência, Carlos Drummond de Andrade)




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